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TÁ EM FESTA O ILÊ AIYÊ, JITOLÚ, CURUZU, SENZALA DO BARRO PRETO

Hoje é sábado de carnaval. Dia de você ver o mais belo dos belos fazer rufar os tambores, o corpo dançar e a voz expressar o canto de amor pela raça negra.  

Como no Ilê, nós pedimos licença aos Voduns para mostrar para você um pouco da universalidade desse bloco que também é escola para todos nós.

Leia, escute e veja a força, a beleza e a sabedoria do povo do Ilê, que este ano, entra na avenida reverenciando Mãe Hilda Jitolú, a raiz de onde brotou o Ilê, homenageando Agostinho Neto, o herói de Angola, ambos centenários; e celebrando 30 anos de Band'Erê.

Com o pedido de bênçãos às diversas nações, começamos esta reportagem:

Kolofé, Motumbá,  Mukuiu, Mojubá

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Kithi 
Direção, pesquisa, texto, entrevistas, fotos, vídeos, diagramação site e edição.
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Ivan Quadros
Pesquisa, apuração, agendamento, entrevistas virtuais, edição e revisão ortográfica. 

Carnaval de 2018 - Arquivos Revista Assum Preto / Kithi

Carnaval de 2015 - Arquivos Revista Assum Preto / Kithi

Para melhor apreciar veja no computador / notebook

No Ilê Aiyê, tudo começa pelo pedido de licença e pela orientação dos Voduns. No Terreiro de nação Jejê, sob a orientação de Mãe Hilda Jitolú, nasce em 1974, no Curuzu, no bairro da Liberdade, em Salvador da Bahia, o bloco afro mais antigo do Brasil. É neste mesmo lugar que todos os anos, no sábado de carnaval, o desfile tem início com o pedido de licença e bênçãos aos Voduns, de forma ritualística.  Fiel aos seus, o Ilê sempre faz reverência, primeiramente, à casa onde nasceu. Esse movimento, por si, já indica a direção das ações do Ilê: nosso lugar é lindo, nossa gente é linda, nossa cultura é linda.

A preparação para o momento de se mostrar no carnaval é um trabalho continuo durante todo ano. A Educação, na sede do Ilê Aiyê, é o princípio norteador de todas as ações. Mas, atenção: para o povo negro, a vida é holística, não fragmentada, então, está incluso no cotidiano educacional o cuidado com a espiritualidade, o movimento político e a celebração à vida - a festa.

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O chamado do coração de Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, e a bênção de Mãe Hilda para que ele seguisse o chamado, foi a razão primeira para a existência do Bloco Ilê Aiyê. Ele, funcionário do Polo Petroquímico, filho mais velho e arrimo de família, falou com a mãe que queria sair do Polo para seguir com o bloco. Ela concordou, apoiou e ainda acompanhou todos os desfiles do Ilê, desde o primeiro, em plena ditadura militar. Quem nos conta esta história e outras mais do Bloco Ilê Aiyê é a professora Arany Santana, a primeira mulher a assumir a Secretaria de Cultura da Bahia.

Em 2023, temos a celebração do centenário de uma heroína do Brasil e um herói de Angola: Mãe Hilda Jitolú e Agostinho Neto. Ambos acreditavam, queriam e lutavam pela liberdade e respeito ao povo negro.

Ela, Mãe Hilda, a Doné fundadora do Ilê Axé Jitolú, descendente de escravos, pobre, mulher, sem ter tido acesso a escola, com a sua fala mansa e de poucas palavras, orientou com sabedoria, determinação e conhecimento, as decisões dos dirigentes do Bloco e Instituição Cultural Ilê Aiyê, cujas ações revolucionaram a forma do povo negro de se ver.

Partindo do Curuzu para todo o Brasil, o povo preto passou a bater no peito e a repetir o mantra do Ilê: "o mais

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Transmissão do centenário de Mãe Hilda

TV Correio Nagô 

“Centenário de Mãe Hilda de Jitolu", a educadora que enxergou a potência dos sonhos das crianças e jovens do Curuzu e, mesmo sem nunca ter ido a escola, sonhou e realizou junto com as filhas, os filhos e a comunidade, a Escola Mãe Hilda, cujo conteúdo de ensino inclui também o saber ancestral e histórico, a arte - música e dança principalmente e o respeito a si e as suas origens.

belo dos belos, sou eu, sou eu", e surtiu efeito. Hoje, o povo preto trocou o cabelo de chapinha pelas tranças e pelo black power. Trocou o lenço que escondia o cabelo desarrumado pelos turbantes que valorizam o rosto e fortalecem a ancestralidade; trocou a roupa de tons sóbrios pelas cores vibrantes, que representam a alegria que trazem no peito e nos fazem cantar, mesmo diante  de inúmeras dificuldades. Tantas mudanças trouxe o Ilê: política, educacional, social, comportamental... tanto individualmente como coletivamente, que seria difícil contabilizar tudo que o Ilê é e representa para a nação brasileira. 

Angola é casa ancestral. É raiz que fortalece. É sabedoria de Nkisi.

A conexão com Angola é visível no cotidiano do povo baiano. A ancestralidade e cultura se fazem presentes por várias vertentes: através do culto aos Nkisis, da influência na gastronomia,  no jeito de ser, na aparência física e, mais recentemente, na devoção a Mama Muxima, padroeira de Angola.

O país, que já foi homenageado anteriormente com o tema relacionado à Rainha Nginga, agora celebra e honra o centenário de Manguxi, como é carinhosamente chamado Agostinho Neto, o líder do Movimento Popular de Libertação de Angola e primeiro presidente do país.

Elas vivem
as terras sentidas de África
no som harmonioso das consciências
incluídas no sangue honbesto dos homens
no forte desejo dos homens
na sinceridade dos homens
na razão pura e simples da existência das estrelas

Elas vivem
as terras sentidas de África
porque nós vivemos
e somos as particulas imperecíveis
e inatacáveis
das terras sentidas de África 

As terras sentidas de África 

Poema de Agostinho Neto

Tema do Bloco Ilê Aiyê 2023

“Centenário de Agostinho Neto: O Herói da Independência de Angola”

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Agostinho Neto - foto Wikimedia Commons

Movido pelo ideal de liberdade, a poesia nacionalista de Agostinho Neto fala de sonhar e de lutar pela independência de seu país, refletindo o homem revolucionário e combatente da luta anticolonial. Licenciado em Medicina pela Universidade de Lisboa, em Portugal, mas tendo estudado na infância e na adolescência em Angola, Agostinho foi preso várias vezes, mas não se intimidava frente à vontade de ver o seu país livre. Em 1956, foi fundado o Movimento Popular para Libertação de Angola - MPLA que unia vários movimentos patrióticos. Daí em diante foram prisões, mortes, luta armada, até que o poeta chega ao cargo de 1º Presidente de Angola. 

"Com a 'Revolução dos Cravos' em Portugal e a derrocada do regime fascista de Salazar, continuado por Marcelo Caetano, em 25 de Abril de 1974, o MPLA considerou reunidas as condições mínimas indispensáveis, quer a nível interno, quer a nível externo, para assinar um acordo de cessar-fogo com o Governo Português, o que veio a acontecer em Outubro do mesmo ano.

Presidente Neto regressou à Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo da mais grandiosa manifestação popular de que há memória em Angola. Dirige, pessoalmente, a partir desse momento toda a ação contra as múltiplas tentativas de impedir a independência de Angola, proclamando a Resistência Popular Generalizada."

Vovô, fundador e presidente do Bloco Ilê Aiyê, fala que o tema Angola será abordado durante o ano inteiro e que o Bloco vai tentar fazer os Cadernos de Educação. 

Benjamim Sabby, adido aultural adjunto da embaixada de Angola no Brasil e diretor da Casa de Angola na Bahia

Mestre Mário Pan, percussionista regente do Ilê Aiyê.

O Ilê Aiyê inaugurou uma nova perspectiva para o carnaval da Bahia: colocou o mundo negro na avenida e coloriu vidas. Ouça o que as pessoas tem a dizer sobre o Ilê Aiyê e o tema do carnaval deste ano

Professora Dra. Rita Dias da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Divaldo Vincente, do Centro Cultural Casa de Angola de São Paulo

Professor Dr. Silvio Humberto, vereador de Salvador, fundador do Instituto Cultural Steve Biko 

Rose Braga, produtora Cultural  

Goya Lopes, designer

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ILÊ AXÉ JITOLU 

Situado na Rua do Curuzu,  na Liberdade, desde a sua criação, em 1950, o Ilê Axé Jitolu, fundado por Mãe Hilda, de tradição Jejê, continua da mesma forma que a Doné deixou em 2009, ano da sua passagem. Nada foi mudado na reforma feita para celebrar o seu centenário, apenas as paredes e portas foram pintadas e as plantas ganharam novos vasos, nos conta com orgulho a sua a filha mais nova, dos seis filhos, D. Hildelice Benta dos Santos, a eleita pelos Voduns para dar continuidade ao trabalho de D. Hilda, a Doné da casa.

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Com uma paz acolhedora, um passo manso e uma voz tranquila e doce, ela nos recebe e conta a história do Ilê, que também é da sua família genética e religiosa. A história é indissociável. Contudo, para participar das atividades propostas pelo Ilê Aiyê ou mesmo trabalhar na instituição, nunca foi obrigatório pertencer à religião de matriz africana.

Mulher de poucas palavras e sem letramento, Mãe Hilda era sábia, firme na defesa da cultura africana e, principalmente, acreditava e apoiava os caminhos escolhidos pelos os seus filhos, fossem de sangue, de santo ou da comunidade.

Foi dentro do Ilê Axé Jitolu, com o apoio de Mãe Hilda, que o Bloco Ilê Aiyê nasceu e se firmou. Tudo era feito dentro do terreiro. As reuniões, a venda dos carnês, a costura e a entrega das fantasias. Fundado por Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, apelido que adquiriu na escola onde estudou, e Apolônio de Jesus, o Popó, o Ilê desfilou pela primeira vez em 1975 mostrando a cultura do povo negro e cantando a música de Paulinho Camafeu: "que bloco é esse? Eu quero saber. É o mundo negro que viemos cantar para você." Era o início da presença dos blocos afros durante o carnaval. 

Aliás, o Ilê Axé Jitolú é um lugar onde os sonhos são possíveis de serem realizados, basta estudar, trabalhar e confiar. 

Nos conta a Doné Hildelice, que a sua mãe tinha o sonho de abrir uma escola. E abriu. Com a ajuda das suas filhas, professoras, ela recebia as crianças ali mesmo no Terreiro. O barracão, lugar da cerimônia, era improvisado para as aulas. Para caber duas turmas, o espaço era dividido com tecidos. A força e a vontade de transformar vidas através da Educação era maior do que as dificuldades que as impediam de realizar o sonho de Mãe Hilda, que também era de todas as pessoas do Ilê. 

Aos pés dos Voduns, com a benção e conselhos de Mãe Hilda, e a ajuda de toda a família Jitolu, o Ilê Aiyê provocou mudanças significativas para na vida de muitas pessoas, mas principalmente, para o povo negro. 

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“a religiosidade é o maior patrimônio edificado pela cultura
afro-brasileira, servindo também como força civilizatória desta cultura”. 

Roger Bastide no livro

O Candomblé da Bahia

MÃE HILDA

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"Ícone da luta negra na Bahia, por várias vezes, Mãe Hilda, foi condecorada por seu valor. Em 02 de julho de 1968, foi condecorada com a medalha Dois de Julho e em 2001 recebeu das mãos do prefeito Antonio Imbassahy a simbólica chave da cidade para reinar durante o carnaval. Mãe Hilda foi também indicada para formar o grupo de mulheres que concorreram ao Prêmio Nobel da Paz. Seus atributos foram ligados a luta pela valorização cultural, estética, racial e social da negritude baiana, especialmente as crianças e os jovens. Em 12 de dezembro de 2005, recebeu da Secretaria Federal de Direitos Humanos o Premio Direitos Humanos. Seu valor dentro do Candomblé também lhe valeu convite pra fazer as obrigações de Zumbi dos Palmares em 1980 e nos 300 anos de Zumbi, em 1995, ocasiões em que compareceu a Serra da Barriga, em Alagoas, para proceder as tarefas religiosas"

Anália Moreira - AS CONCEPÇÕES DE CORPO NA ASSOCIAÇÃO BLOCO CARNAVALESCO ILÊ AIYÊ: UM ESTUDO A PARTIR DA HISTÓRIA DO BLOCO E DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DAS ESCOLAS BANDA ERÊ E MÂE HILDA.

O Ilê Aiyê é caminho

“Sou negro forte
vou seguindo o meu caminho
sei que não estou sozinho
o Ilê vem me guiar
Acendo a chama negra viva da paixão
africana é a nação que conduz o meu cantar”.
(Resistência viva, Zenilton Ferraz, Jorge Garcia e Narcizinho, 2003).

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O bloco Ilê Aiyê é mais do que um bloco de carnaval. É ação o ano inteiro. Para que as mulheres se sintam deusas e cantem, dancem e encantem com a sua beleza; ou um homem levante o seu tambor para o alto e toque o som que comanda a festa, é preciso sentir a beleza dentro de si primeiramente. A beleza que vemos no exterior, quando o bloco passa no carnaval, é o reflexo do intenso trabalho de valorização do povo negro desenvolvido durante todo o ano, incansavelmente, todos os dias, por quase meio século. São vários projetos desenvolvidos na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê, que constroem a afirmação da beleza negra, oferecendo para o povo negro da Bahia opções de caminhos a seguir.

Tudo no Ilê é feito de maneira pensada e passa pela Educação, afinal, Mãe Hilda, uma educadora inata e visionária, já sonhava com projetos educacionais. A Escola Mãe Hilda é o projeto mais antigo do Ilê.

Os projetos educacionais do Ilê tem como um dos conceitos de base a interdisciplinaridade, onde o conteúdo de uma ação complementa a outra, criando uma rede de diálogo entre corpo, ritmo, mente e espiritualidade, tudo isto alinhado à construção de saberes que passam pelo campo da técnica, da política, dos conceitos, da filosofia,  da história, da ancestralidade e também da auto-história. A história de cada um. 

Existem vários projetos sendo desenvolvidos dentro da Senzala do Barro Preto voltados para a população negra de Salvador: A Escola Mãe Hilda, a Banda Erê, a Noite da Beleza Negra,  o Festival de Música Negra, a Cartilha, os Cadernos de Educação, a Escola Profissionalizante , um projeto voltado para pessoas idosas e toda a preparação para o desfile do carnaval.

"Os valores que orientam a formação das pessoas no bloco são culturais-religiosos,
a fé na vida e nas pessoas, a confiança em si e nas outras pessoas, a fé, sobretudo, na força e proteção dos ancestrais, o respeito pelo ser
humano, pelas pessoas mais velhas, pelos que precisam de incentivo à coragem, à disposição para as lutas, a partilha, a troca, solidariedade, a
vida em comunidade." (ILÊ AIYÊ, 2014, p. 30)

Todas as "aspas" que estão abaixo da imagem da sede do Ilê, foram ditas ou são citações escritas na monografia de conclusão do curso de Licenciatura em História de Dandara Sílvia Matos:  A IMAGEM DA ÁFRICA NAS MÚSICAS DO ILÊ, O MAIS BELO DOS BELOS . Clique no título da monografia e leia um texto rico de informações, fluído e saboroso de ler. 

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Criada em 1992  com o apoio de Mâe Hilda, que "abriu as portas do Ilê Aiyê para a Band'Erê entrar", conforme nos conta Mestre Mário Pan no vídeo ao lado, o projeto "oferece às crianças, o ensino de música, percussão e canto, acompanhado de conteúdos sobre cidadania, literatura e história africana e afro-brasileira. Para participar da
banda a criança deve estar estudando no ensino regular e frequentando as aulas. Muitos alunos e alunas mais tarde passam a fazer parte da Banda Aiyê seja na percussão ou na ala de canto."

Mestre Mário Pan, da Banda Erê, percussionista regente do Ilê Aiyê, Mestrando PPGMUS UFBA , Prof. de Música da Ucsal, Coord. do Tambores do Mundo, colaborador da ONG - CCOR

Banda Aiyê  é a Banda principal do Bloco Ilê Aiyê

Banda Aiyê - 2018 - Arquivos Revista Assum Preto / Kithi

Gleicy Ellen - deusa do Ébano 2020/21/22

Criando uma harmonia entre as práticas ancestrais presentes no ambiente de religião de matriz africana do Brasil e a pesquisa e inspiração na história e vivência dos países africanos, o Ilê Aiyê criou uma estética própria onde a expressão e a comunicação da beleza do povo negro é a força condutora de todas as ações, dentre elas, o evento que escolhe a "Deusa do Ébano".

Colocada a mulher preta no lugar de Deusa, o Ilê simbolicamente anuncia: a mulher preta é bela e deve ser tratada como se trata uma deusa: respeitada em toda sua força, fé e sabedoria.

"Os reflexos dessa festa são identificados na autoestima da mulher negra, que passa a se valorizar, estudar, criar sua própria estética e a brigar por espaços iguais na sociedade. Tornando-se, assim, a maior ação afirmativa do bloco voltada para a mulher"

Noite da Beleza Negra,

para escolher a Deusa do Ébano

"Ah,ah,ah dance no ilê
ôh ôh, minha deusa do ebano
ah, ah ah Agostinho Neto 
herói nacional retratado no ilê"

Luar de Luanda de Julinho Magaiver e Rosselini Leite 

Festival de Música Negra

O festival, que tem como simbolo o pássaro preto, ave com o canto mais bonito do Brasil, existe desde a fundação do bloco ilê Aiyê e acontece anualmente. Nele é feita a escolha de seis músicas:  três musicas da categoria "Música Poesia" e três da categoria "Músicas Temas".

As músicas poesias podem ser compostas com assuntos de livre escolha, desde que estejam relacionadas com a cultura do povo negro.

Para as músicas temas, primeiramente é selecionado um tema a ser trabalhado, depois é feita uma pesquisa detalhada onde os dados são transformados numa cartilha que são distribuídas aos compositores. Essa cartilha, depois do carnaval, é transformada em Cadernos de Educação, conteúdo utilizado na Escola Mãe Hilda.

Com o tema “Centenário de Agostinho Neto: O Herói da Independência de Angola”.

Os Cadernos de Educação são uma fonte de estudo e pesquisa para os alunos da Escola Mãe Hilda. Parte fundamental da metodologia adotada pela escola. Com os cadernos, os alunos estudam a música tema durante todo o ano. Este ano é, novamente, a vez de Angola.

Rainha Nzinga, tema do Ilê Aiyê em 1984, permanece presente na Escola Mãe Hilda. 

Conheça abaixo as três músicas vencedoras da categoria
"Música Tema do Festival de Música Negra do Ilê Aiyê

"LUAR DE LUANDA" - 1º lugar
Compositores: Julinho Magaiver e Rosselini Leite 

 

ÊH...LUAR DE LUANDA
EU SOU ILÊ E VIM CANTAR ANGOLA !
"A FRESCURA DA MULEMBA E AS NOSSA TRADIÇÕES "
Ê LUAR DE LUANDA, ÊH KILAMBA AIYÊ...(BIS)
 
EVOCAR O SEU CANTO ILÊ AIYÊ 
E CONTA ESSA HISTÓRIA RESISTENTE 
DE KILAMBA MANGUXI
HERÓI DE ANGOLA 
DESSE POVO O POETA PRESIDENTE 

E COMO UMA PALANCA NEGRA O ILÊ AIYÊ 
DO QUILOMBO KIBUNDO CURUZÚ
TRÁS A FORÇA E ENERGIA PRA VOCÊ DE FÉ
KWE AXÉ JITOLÚ ( BIS) PARA MÂE HILDA - CENTENÁRIO DELA


ÊH...LUAR DE LUANDA
EU SOU ILÊ E VIM CANTAR ANGOLA !
"A FRESCURA DA MULEMBA E AS NOSSA TRADIÇÕES "
Ê LUAR DE LUANDA, ÊH KILAMBA AIYÊ...

AH,AH,AH DANCE NO ILÊ !
ÔH ÔH, MINHA DEUSA DO EBANO...
AH, AH AH AGOSTINHO NETO 
HERÓI NACIONAL RETRATADO NO ILÊ  (BIS) 

AS NOSSAS TERRAS VERMELHAS DO CAFÉ 
BRANCAS DE ALGODÃO 
VERDES DOS MILHARAIS
HAVEMOS DE VOLTAR

AS NOSSAS MINAS DE DIAMANTES, OURO COBRE E PETRÓLEO
HAVEMOS DE VOLTAR 
LINDA ANGOLA (BIS)

 ILÊ ANGOLA - 2º lugar
Compositores: André LDP e Josiel texeira*

 

TÁ EM FESTA O ILÊ, JITOLÚ, CURUZÚ SENZALA DO BARRO PRETO...
E ANGOLA TAMBÉM BATE PALMA PRA COMEMORAR...
48 DE ILÊEEE E 100 ANOS QUE HOJE TERIA O POETA MAIOR...
VEM CANTAR ILÊ A HISTÓRIA DE UM POVO NEGRO,
QUE DAS CINZAS NASCEU UMA VOZ A ESPERANÇA DE UM MUNDO MELHOR...
UM DOUTOR ESCRITOR, UM ICOLO E BENGO,
SABEDORIA DE BERÇO UMA MÃE PROFESSORA, UM PAI PROFESSOR...
AGOSTINO NETO, NEGRO HERÓI DA HISTÓRIA,
EM PORTUGAL SE FORMOU E VIROU PRESIDENTE DE ANGOLA...
UM SONHO DE LIBERDADE VEM DE LUANDA EM 1922...
UM MANGUXI KILAMBA, NÃO SE DEIXOU ABATER...
LEVOU NO PEITO E NA RAÇA E TINHA CERTEZA QUE IRIA VENCER...
“DO POEMA A REVELAÇÃO, O ILÊ ESPRESSA NA CANÇÃO”.
“A MARIMBA E AO QUISSANGE AO NOSSO CARNAVAL”
“HAVEMOS DE VOLTAR”
“A BELA PÁTRIA ANGOLA, NOSSA TERRA NOSSA MÃE HAVEMOS DE VOLTAR...” Bis
HÓ ILÊ... ANGOLA ILÊ... ILÊ ANGOLA...
48 DE RESISTÊNCIA LEMBRA O CENTENÁRIO DA HISTÓRIA... BIS

"AO MESTRE COM CARINHO - 3º lugar

Compositor: Vinícius Lima

 

VEM VER ILÊ REPAGINAR RESENTE HISTÓRIA 
PRIMEIRO PRESIDENTE DE AGOLA
ESCRITOR MÉDICO POLÍTICO HEROICA TRAJETÓRIA 
LINDO GOSTOSO É DESFILAR NO ILÊ AIYÊ 
PDDER CORTEJAR COM ALTIVEZ DOUTOR AGOSTINHO NETO QUE É A BOLA DA VEZ

PROCLAMOU A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA COM AXÉ 
ORGULHO DO SEU POVO RESPEITO COLOFÉ
COM SABER PRESIDIU AO MESTRE COM CARINHO AGOSTINHO MODUPÉ 

REVERENCIAR ILÊ PROTAGONIZAR MPLA - esse partido é o vigente?
ANGOLA LIVRE
LUSÓFONA ALEM MAR
BAIANÊS LINGUAJAR 
VAMOS EXTRAVASAR DANOS  PANDEMIA TRISTE 

ILÊ CELEBRA AGOSTINHO
CENTENARIO DO HERÓI DE ANGOLA
AÇÕES REVOLUCIONARIAS QUILOMBOLAS

OGUM ABRINDO CAMINHOS 
RAÍZES DE KUNTA KINTÊ 
DOUTOR AGOSTINHO NETO ILÊ AIYÊ

A Dúpẹ́ Ilê Aiyê

E esta reportagem vai continuar brevemente; ainda tem Escola de Mãe Hilda, Doné Hildelice, as entrevistas completas com os compositores, entrevistas com o povo que faz o Ilê...

A Revista Assum Preto é memória de nossa gente. É saberes misturados: popular e científico. É compromisso com a in-formação.

Festival de Música  Negra

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